Certificado
vitalício de competência
Inicio
os trabalhos com esta primeira postagem.
A
alcunha colocada nesta mensagem deve-se à elucubração
despretensiosa retirada de um excerto de livro renomado de Celso
Antunes, que passo a transcrever:
Houve
um outro tempo, também há muito tempo, em que os conhecimentos e os
saberes aprendidos na escola representavam bagagem para a vida
inteira. Um diploma não era apenas um título, mas certificado
vitalício de competência para até o fim da vida. Esse tempo passou
e apenas a lembrança dos velhos, o registro dos livros e a
mentalidade dos fósseis podem preservá-lo.
Os
tempos agora são outros. Não necessariamente melhores ou piores,
mas indiscutivelmente diferentes. Não mais basta acumular
conhecimentos para depois deles se usufruir. É, antes, essencial
estar à altura de aproveitar e explorar, pela vida inteira, todas as
possibilidades do aprendizado, da atualização, do enriquecimento
para as mudanças que em todos os momentos nos assaltam. (ANTUNES,
Celso. Como desenvolver competências em sala de aula. 9 ed.
Petrópolis-RJ: Vozes, 2010, p. 07.)
Será
que a época do certificado vitalício de competência realmente
pertence às lembranças de outrora?
A
carreira jurídica, limitada em sua maioria ao concurso público
(pelo menos em “terrae brasilis”), revela-nos que a
sabedoria plena viceja não na incessante busca pelo aprimoramento do
conhecimento, mas tão somente após a almejada aprovação em
prestigioso concurso público. Isso, acaso logre êxito; do
contrário, recolhe-se à insignificância do rábula.
Insólita
é a situação do reles bacharel em Ciências Jurídicas: antes um
mentecapto do que um autêntico jusfilósofo.
Infelizmente,
esta é a realidade que vivenciamos no fabuloso mundo jurídico:
dá-se mais valor à portentosa toga em vez do esforço de seu
próprio detentor. Com papas e bolos se enganam os tolos, como dizia
o velho ditado.
Concurseiros
de plantão, assim como quem vos fala, são frutos deste sistema
perverso. Alimentamos toda uma cultura de meritocracia desarrazoada,
com critérios por vezes questionáveis e com ampla carga aleatória.
Por
mais paradoxal que seja, resta-nos perseverar e compreender a
mecânica do sistema para, somente então, enaltecer os atributos e
propor soluções para as suas vicissitudes. Ruim com, pior sem.
Destituído
de intenção ambiciosa, inauguro este espaço para expor as minhas
singelas reflexões, mormente no que diz respeito ao intrigante
concurso para a carreira de juiz do trabalho, mesmo que não
aparentem grande valia.
Em
busca do certificado vitalício de competência!
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Fonte citada
ANTUNES,
Celso. Como desenvolver competências em sala de aula. 9 ed.
Petrópolis-RJ: Vozes, 2010.
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Nota
de autoria
Texto
de autoria de Wagson Lindolfo José Filho.